A presidente do think-tank “Re-Imagine Europa” e da Fundação para os Estudos Progressistas Europeus (FEPS), Maria João Rodrigues, considera que o discurso do Estado da União da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, ficou “aquém da ambição que se justificava”, principalmente por não se concentrar nos desafios digitais que a União Europeia enfrenta.

Maria João Rodrigues pensa que Von der Leyen fez bem em começar o seu discurso com um apelo à tomada de consciência pelos cidadãos europeus e admite que as relações da UE com os Estados Unidos “não voltarão a ser as mesmas”. “Nós, de facto, estamos a entrar numa nova era porque há uma confrontação de grandes poderes”, com pressões da Rússia e da China e “o nosso aliado tradicional a reduzir o apoio que nos dava”.

Relativamente ao acordo comercial celebrado entre a UE e os EUA, Maria João Rodrigues critica as “grandes concessões” feitas por Bruxelas, não só no compromisso de compra de armamento e energia, mas acima de tudo por “ter-se aberto a porta a aceitar diluir os nossos padrões e regulamentos, por exemplo na área digital, e fazer depender a estratégia digital europeia completamente da tecnologia americana”. Para Maria João Rodrigues, “o grande dilema europeu” – “que ficou espelhado neste debate do Estado da União” – é o de não termos recursos para tudo.” A UE tem de apoiar a Ucrânia face à pressão russa, mas tem de arranjar formas de continuar o seu investimento na transição verde e na transição digital”. Maria João Rodrigues é da opinião que: “Não há recursos suficientes para tudo o que é preciso fazer”.